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[RESENHA] Fundação – Isaac Asimov

O que é mais importante: os problemas a curto ou a longo prazo? Se soubermos que daqui a alguns séculos toda a nossa sociedade ruirá, deveríamos tomar medidas hoje ou simplesmente dar de ombros já que nem estaremos vivos para ver isso? Essas são apenas algumas das reflexões trazidas no livro Fundação de Isaac Asimov, publicado em 1942.

No romance, vislumbramos todo o esplendor e poderio do Império Galáctico (estabelecido milênios no nosso futuro, quando a humanidade já se espalhou por milhões de novos planetas), cuja capital é o planeta de Trantor. Contudo, logo de início nos deparamos com o cientista e psicólogo Hari Seldon, que desenvolveu uma maneira de prever matematicamente os comportamentos em massa dos seres humanos e chegou à seguinte descoberta: o Império cairá em 300 anos e, se não fizerem nada, a humanidade entrará em um período de regresso de 30 mil anos; se fizerem, poderiam reduzir esse período em apenas mil anos. É assim que a Fundação (um projeto científico que busca reunir todo o conhecimento da humanidade em um grande compêndio, entitulado Enciclopédia Galáctica) é iniciada.

A cada parte do livro avançamos décadas e mais décadas no futuro, podendo assim ver com nossos próprios olhos como a Fundação se desenvolve, quais os rumos sendo tomados pelos humanos e o Império minguando cada vez mais.

Inspirado na História da queda do Império Romano, Asimov explorou como eventos aparentemente pequenos podem ter um impacto enorme em larga escala, pavimento cada centímetro seguinte no caminho que leva ao fim de uma era. Com sua narrativa, é possível reconhecer cada crise e cada passagem de poder de um grupo social ao próximo, etapa por etapa. Foi desse modo que Isaac Asimov acabou lançando um livro que revolucionou toda a ficção científica posterior, com temas e cenários que são explorados ainda hoje, quase 80 anos após sua publicação, como o conceito da space opera – uma história de como a humanidade atingiu a viagem interestelar e o uso de impérios galácticos.

O livro é bem curto, o que não diminui sua profundidade, e mesmo sem conhecermos esse novo império, podemos entender cada termo diferente sem que isso interfira na compreensão da narrativa. Contudo, alguns anacronismos ainda escapam aqui e ali (como o uso de gírias e ditados que certamente eram usados nos anos 1940) e certos problemas da época em que foi escrito transparecem na obra, como a existência de uma única personagem feminina em todas as 288 páginas, sendo ela quase parte do papel de parede do local de tão insignificante. Porém, com exceção disso, o livro não comete nenhuma problemática que chegue a questionar seu valor ou dar qualquer sensação ruim ao ler.

Ler Fundação é como ler a História: o passado, o presente, o futuro, tanto da humanidade quanto de um gênero literário como um todo.

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Resenha: “After the Strawberry” de Kathryn Pope

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Livro: “After the Strawberry” de Kathryn Pope, Seedpod Publishing, 2009, 270 páginas (versão Kindle).

Sinopse: “Lydia Poole quer ser uma boa pessoa—o tipo de pessoa que faz tudo certo e merece ser amada. Para conseguir isso, ela come apenas uma xícara de Cheerios por dia e deixa seu peso cair para abaixo de 40 quilos. Quando a irmã de Lydia lhe apresenta Jesse, um novo amigo e cineasta, Lydia concorda em ser o tema de seu documentário.

A câmera de Jesse segue Lydia enquanto ela é hospitalizada por anorexia, enquanto ela caminha entre a linha de esperar pela morte e querer a vida, enquanto seu peso continua diminuindo. Com a câmera filmando, Lydia deixa de ser o objeto observado para se tornar a pessoa por trás das lentes. Fazendo isso, ela descobre como quer ver o seu mundo.

After the Strawberry é um romance sobre uma garota que desaparece enquanto tenta ser vista.” (tradução livre)

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Resenha: “Água Viva” de Clarice Lispector

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Livro: “Água Viva” de Clarice Lispector, Editora Rocco, 1998, 95 páginas.

Sinopse: “Uma escritora decidida a desvendar as profundezas da alma. Essa é Clarice Lispector, que escolheu a literatura como bússola em sua busca pela essência humana.

Sua tentativa de transcender o cotidiano revela-se em personagens na iminência de um milagre, uma explosão ou uma singela descoberta. Todos suscetíveis aos acontecimentos do dia a dia. Vidas que se perdem e se encontram em labirintos formados por uma linguagem única, meticulosamento estruturada. E é por essa linguagem que Clarice Lispector constrói uma obra de caráter tão profundo quanto universal.”

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