Escrita

Planner vs. Pantser

Com a popularização da Internet e o maior acesso aos aparelhos eletrônicos, os escritores de todo o mundo – assim como todas as outras pessoas – puderam se conectar e criar uma comunidade digital na qual podem debater sobre as diversas formas de se fazer a escrita.

Como em toda comunidade digital, novos termos foram criados para definir os tipos de abordagem usados para criar e escrever histórias. Nessa postagem, vamos falar sobre dois desses termos: planner e pantser.

O que significam?

Os dois são termos que definem a tática de planejamento e desenvolvimento da obra.

O planner (ou ainda plotter, como alguns preferem usar) é o escritor que planeja a maior parte da narrativa antes de começar a escrita de fato; ele já conhece quase toda a história ao produzi-la e sabe exatamente para onde a trama está indo. Um exemplo de planner reconhecida é J. K. Rowling.

Já o pantser é o que prefere se deixar levar pela narrativa e pelos personagens, definindo o que vem a seguir a partir das ideias que surgem no momento em que está escrevendo. Pantsers renomados incluem Stephen King e Nora Roberts.

Alguns escritores ainda criaram o termo plantser, mesclando as duas palavras para sugerir uma abordagem que fica no meio termo entre os dois extremos.

Vantagens e desvantagens

É impossível dizer qual dos métodos é o melhor, já que ambos funcionam de maneiras diferentes para cada um. Cada escritor é quem vai dizer, com a sua experiência própria, o que se encaixa melhor no seu estilo de trabalho.
Além disso, se identificar mais com esse ou aquele termo não significa que você está proibido de seguir traços da outra abordagem. Contudo, todas as coisas possuem pontos positivos e negativos.

Planejar a sua história e os detalhes desse universo pode ser muito bom e, até certo ponto, essencial para ter uma noção do que exatamente você está querendo falar na sua obra e quais os pontos realmente importantes para a narrativa. Porém, se manter preso demais a planejamentos pode acabar resultando em inflexibilidade caso algo não esteja saindo muito bem, o que pode levar a bloqueios criativos ou ainda à necessidade de replanejar todo o trabalho já feito e acabar se mantendo sempre no mesmo ponto, sem jamais avançar no trabalho.

Nesse ponto, seguir a sua vontade do momento traz muito mais liberdade perante outros caminhos a serem seguidos, alguns talvez bem surpreendentes ou empolgantes, além de muitos relatarem a sensação de maior fluidez na escrita. Contudo, é preciso ter cuidado para que a falta de planejamento não leve a incoerências narrativas, perda de sentido na trama ou a bloqueios.

Fazer planos é sempre muito bom, assim como manter a flexibilidade e se permitir mudar o rumo na inspiração do momento, mas sempre se mantendo atento para não cair em extremos, seja o seu estilo qual for.

 

Na minha experiência como escritora, já passei pelos dois caminhos. No começo, dos 10 aos 12 anos, eu era uma pantser completa. Eu abria o Word sem ter a mínima ideia de qual seria o resultado final daquele dia. Naqueles tempos, eu realmente escrevia bem mais rápido do que hoje e amava a sensação de liberdade e fluidez que vinha daquilo.

Porém, entre os 13 e 14, ao revisitar meus textos antigos, me deparei com grandes incoerências e com a sensação de que sequer conhecia os mundos sobre os quais escrevia. Claro, eu era apenas uma criança quando comecei, mas foi nesse momento que me deixei planejar o mínimo das minhas histórias. Eu ainda era uma pantser, só que agora sabia que isso não significa que não devo prestar atenção no que estava fazendo.

No ensino médio, me deparei com um dos maiores bloqueios criativos da minha vida – na verdade, ainda estou nele de certo modo – e isso aconteceu ao mesmo tempo que comecei a aprender sobre NaNoWriMo, worldbuilding e conlanging na Internet. Naquela época, também comecei o processo de resscrita da minha primeira história, que criei aos 10 anos, e isso exigiu muito mais planejamento do que jamais tinha feito.

Agora, sou muito mais uma planner, mas também passo pelo desafio de me sentir perdida se não tiver um plano montado, o que tem me levado a buscar o caminho do meio – mantendo as anotações que achar essenciais para formar o esqueleto de tudo e também me permitindo seguir o fluxo do momento.